quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Por que não cumprimos as promessas de final de ano?

Antes de responder a questão acima, tenho que ressaltar que o réveillon é a melhor época do ano. É a única data que é possível beber até cair, dormir na rua, pegar mulher feia e fazer tudo isso sem causar qualquer tipo de constrangimento a familiares ou amigos. Para fazer um teste, basta guardar um pouco de sobriedade para o ponto alto da festa, a contagem regressiva.  Quando chegar à hora do 3,2,1, olhe atentamente para o lado e perceba que sempre tem alguém fazendo mais besteira que você.
 Passada a ressaca do réveillon, bate aquele sentimento de dever não cumprido e entram em pauta as famosas promessas de fim de ano. Quem não deseja ganhar mais dinheiro, pegar mais mulher, ser mais bonito ou mais feliz? Mas a questão é que o ano passa e você percebe que não fez nada para realizar seus desejos.
Comecei a entender um pouco mais a resposta para tanta incompetência pessoal, após um ano novo enfadonho que passei em casa. O ponto alto da comemoração era a promessa de meu tio em trazer um caríssimo vinho francês, safra 75, do qual ele sempre se gabava possuir.
O vinho veio, mas qual não foi a surpresa ao provar a preciosidade e perceber o terrível gosto avinagrado. Perguntei a meu tio como ele tinha armazenado a garrafa e ele, ainda atônito, disse que sempre a mantivera em destaque, em pé, na estante de sua sala.
Assustado com tamanho desperdício etílico, percebi que, tal qual a garrafa de vinho, alojamos nossos talentos pessoais de maneiras equivocadas e não sabemos utilizá-los  para realizar nossos sonhos. Às vezes o que almejamos está a nossa frente, mas não percebemos.
Como o fim de ano já estava estragado, fui pesquisar na internet. Li sobre a pirâmide hierárquica de necessidades de Maslow, estudei o diagrama organizacional ou espinha de peixe de Ishikawa e li sobre a teoria dos arquétipos de Jung.
Em suma, descobri que antes de fazer qualquer promessa, precisamos primeiro saber o que queremos. Pode parecer uma afirmação tola, mas tem fundamento. Pegamos o exemplo do emagrecimento. Você deseja emagrecer, se matricula em uma academia, até perde um bom peso durante o ano, mas não fica contente.  Perceba que por trás da vontade de emagrecer, pode estar uma infinidade de desejos ocultos como: chamar a atenção, melhorar a auto-estima ou conseguir um namorado. E para esses reais objetivos, talvez emagrecer, não seja a verdadeira solução. Por isso, o primeiro passo para cumprir suas promessas é entender um pouco mais sobre você e saber exatamente o que deseja.
Identificado o real desejo, o segundo passo e traçar objetivos de curto prazo, que possam ser alcançados rapidamente. Por exemplo, se quer uma namorada e tem a Cleo Pires como meta, vai ficar difícil de realizar. Primeiramente, se aventure com algo atingível, como uma vizinha ou colega de trabalho. Você vai perceber que com atitudes simples e rápidas, como uma mudança no visual e ações românticas inovadoras, você pode conseguir o que quer e cumprir suas promessas.

Moral da História: Mais vale pensar na cerveja gelada do Happy Hour de sexta do que sonhar com a champanhe importada de final de ano.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Papai Noel existe?


Eu acredito em Papai Noel. Uma vez quase o vi. Foi em uma daquelas belas ceias do dia 24 de dezembro, momento em que as pessoas são tocadas pelo espírito do marketing natalino e abrem a carteira e o armário de bebidas. O resultado é um desfile dos mais apetitosos whiskys doze anos, vinhos alemães e outras preciosidades alcoólicas. A minha empolgação naquela situação era tanta que logo estava em exacerbado grau etílico ou como dizia minha avó: suando que nem porco. Para não dar nenhum vexame, me acomodei em uma poltrona, foi quando percebi uma movimentação estranha na árvore de natal. Era um duende que se movia rapidamente em minha direção. Sei que deveria ter entrado em pânico, mas pensei: se tem duende, daqui a pouco chega o Papai Noel e ele deve ter um bom presente para mim. A aproximação daquele ser da natureza continuava. Ele tinha um olhar ameaçador e quando chegou bem perto, olhou no fundo dos meus olhos e disse: - Au- Au!
No dia seguinte acordei com o cachorro da casa lambendo meu rosto em pleno quintal. Ele estava com uma roupinha de duende que minha tia tinha colocado nele. Vexame a parte, me levantei e fui para minha casa. No caminho, pensei em toda aquela história natalina e na simbologia do natal. Quando cheguei, fui para o computador e dei uma googlada na internet sobre o assunto. Descobri que a figura do Papai Noel, como velhinho de barba, foi criada pela Coca-Cola, para estampar suas latinhas e vender mais refrigerante no período natalino. Daí foi um passo para as empresas se apoderarem da imagem e da simbologia do natal e minuciosamente, com suas mensagens publicitárias e subliminares, anos após anos, transformarem o natal em um momento mágico para extrair maior percentual de lucro dos cidadãos e fazerem com que todos gastem seus abonos salariais com produtos tecnológicos e outras futilidades que talvez nem precisem.
Lembrei de um natal em que distribui brinquedos em um orfanato. No começo é fácil se assustar com a briga das crianças pelos presentes, mas a empolgação passa, as crianças largam os brinquedos e vêem conversar. Foi aí que percebi a necessidade das pessoas de ter amizade e afeto. O brinquedo é figurativo, o importante para as crianças é o que levamos dentro de nossos corações e a capacidade de carinho e amor que conseguimos transmitir e também receber. Afinal, muito mais do que ajudar as pessoas, quando fazemos esse tipo de ajuda assistencial, somos ajudados. Nosso cérebro parece receber um tranco e muitas de nossas ambições materiais são questionadas em milésimos de segundo. Aquele sonho de carro, de vida em iate, fica distante, e naquele momento de ajuda você percebe como o abraço de mãe, pai e pessoas queridas é um objetivo muito maior a se valorizar. 
Voltei de meus pensamentos, sai do computador e dei uma ligada na televisão. Lá estava o Faustão mostrando a história de uma ONG que ajuda crianças no Natal. A televisão faz tudo parecer chato. Ela fala de natal, de ONG, de ajuda e logo depois vem um intervalo comercial falando de família e produtos que temos que consumir. O capitalismo tem esse poder de fazer tudo virar produto, virar massificador. Parece que ajudar e fazer caridade passaram a ser uma modinha. As empresas embarcaram na onda e lançam suas campanhas e produtos sustentáveis.
Vira e mexe me bate uma revolta do capitalismo, mas não estou nem ai de ser rotulado. Vou sim fazer ajuda assistencial. Afinal, o maior beneficiado sou eu. Taí! Acredito em Papai Noel! Acredito que ele está dentro de nós e que por trás da roupa vermelha e do carnaval criado pela mídia, em cima da simbologia natalina, está o verdadeiro sentimento de ajuda ao próximo e a lembrança da data que significa o nascimento de Jesus. Mas novamente, não pela importância religiosa da figura de Jesus, mas pelos princípios bacanas que estão presentes nela.
Ufá! Muito tensa essa conversa. Moral da história: Não julgue a bebida pela garrafa, mas pelo prazer que ela proporciona.